A maioria das atividades é de fácil resolução, indico sempre que o professor o faça primeiro para ver o aplicabilidade em determinada turma. Como os pedidos de gabaritos são muitos, não tenho como responder a todos.
Medidas, no espaço e no tempo, de Stanislaw Ponte Preta
Sérgio Porto
A medida, no espaço e no tempo, varia
de acordo com as circunstâncias. E nisso vai o temperamento de cada um, o
ofício, o ambiente em que vive.
Nossa falecida avó media na base do
novelo. Pobre que era, aceitava encomendas de crochê e disso tirava o seu
sustento. Muitas vezes ouvimo-la dizer: – Hoje estou um pouco cansada.Só vou
trabalhar três novelos.
Nós todos sabíamos que ela levava uma
média de duas horas para tecer cada um dos rolos de lã. Por isso, ninguém
estranhava quando dizia que queria jantar dali a meio novelo. Era só fazer a conversão
em horas e botar a comida na mesa sessenta minutos depois.
Os índios, por sua vez, marcavam o
tempo pela lua. Isso é ponto pacífico, embora, há alguns anos, por distração,
eu assistisse a um desses terríveis filmes de carnaval do Oscarito, em que
apareciam diversos índios, alguns dos quais, com relógio de pulso. Sim, os
índios medem o tempo pelas luas, os ricos medem o valor dos semelhantes pelo dinheiro,
vovó media as horas pelos seus novelos e todos nós, em maior ou menor escala,
medimos distâncias e dias com aquilo que melhor nos convier.
Outro texto finalista de 2010. Na leitura, explorar a linguagem poética, as metáforas. Eu recomendo que os alunos procurem as palavras desconhecidas no dicionário, mas não acharam "jorna" ou não com o sentido usado no texto. Pesquisei e descobri que é moinho feito em madeira muito usado por imigrantes poloneses e ucranianos no interior do Paraná.
Como nos velhos tempos
Aluna:
Taynara Leszcgynski
Os
momentos passam, as pessoas se vão, a vida muda, o progresso aumenta, e deminha tão amada época só ficaram lembranças. Minha
casa era pequena, um berço dehumildade, construída
com madeira lascada de pinheiro, não existia energia elétrica, tínhamosapenas um lampião de querosene. Éramos pobres, mas
vivíamos num lar feliz, apesardas dificuldades em até
conseguir o que comer.
No
quintal havia um paiol onde guardávamos o pilão, feito de um tronco de madeiramaciça escavada, onde socávamos amendoim para fazer
paçoca. Tinha também o monjolod’água e a jorna, que
usávamos para fazer farinha e quirera.
Gostei muito dessa crônica e adaptei algumas questões. Se alguém, depois quiser conferir o gabarito, é só avisar.
Os
namorados da filha
Quando a filha adolescente anunciou que ia dormir
com o namorado, o pai não disse nada. Não a recriminou, não lembrou os rígidos
padrões morais de sua juventude. Homem avançado, esperava que aquilo
acontecesse um dia. Só não esperava que acontecesse tão cedo.
Mas tinha uma exigência, além das clássicas recomendações. A
moça podia dormir com o namorado:
─ Mas aqui em casa.
Ela, por sua vez, não protestou. Até ficou contente. Aquilo resultava em
inesperada comodidade. Vida amorosa em domicílio, o que mais podia desejar?
Perfeito.
O namorado não se mostrou menos satisfeito. Entre outras razões, porque
passaria a partilhar o abundante café da manhã da família. Aliás, seu apetite
era espantoso: diante do olhar assombrado e melancólico do dono da casa,
devorava toneladas do melhor requeijão, do mais fino presunto, tudo regado a
litros de suco de laranja.
Um dia, o namorado sumiu. Brigamos, disse a filha, mas já estou saindo com
outro. O pai pediu que ela trouxesse o rapaz. Veio, e era muito parecido com o
anterior: magro, cabeludo, com apetite descomunal.
Texto retirado da
publicação dos finalistas de Memórias Literárias - Olimpíada da Língua Portuguesa
2010. Usei-o como exemplo de um texto interessante e bem construído a partir de
entrevistas e para trabalhar algumas questões de interpretação com meus alunos (estão logo abaixo do texto),
geralmente eles confundem muito o discurso em 1ª e 3ª pessoa, autor e narrador,
entre outras coisas.
Da
escuridão para o colorido
Aluna:Évelin Cristina Nascimento da Silva
Tristeza! É o que sinto quando abro
meus olhos e vejo a mais terrível escuridão, que não cessa. O único remédio é
fechá-los e deixar-me levar pelas lembranças.
Lembro-me como se fosse ontem: bem
cedinho, o sol não havia nem acordado ainda, eu já estava na estrada da minha
cidade Santa Branca que nem asfaltada era, pura terra,
com uma brochura e alguns lápis dentro de uma sacolinha de arroz – pois nossa
vida era difícil e papai só ganhava o suficiente para não morrermos de fome e
frio. Enquanto caminhava, a poeira batia em meus olhos e os fazia ficar cheios
d’água.
Antes da leitura - ler o título e os dois primeiros
parágrafos, para o levantamento de hipóteses e suspeitas inteligentes: sobre o
que será o texto? A palavra caso pode ter mais de um sentido? Quais?
Após a leitura - as hipóteses se confirmaram? Os
alunos perceberam qual o gênero do texto lido (se eles estão bem familiarizados com a CRÔNICA, perceberão as características presentes no texto. A questão 10 é resposta pessoal, se alguém tiver alguma dúvida quanto ao gabarito é só pedir deixando email.
CASO DE SECRETÁRIA
Foi trombudo para o escritório. Era dia
de seu aniversário, e a esposa nem sequer o abraçara, não fizera a mínima
alusão á data. As crianças também tinham se esquecido. Então era assim que a
família o tratava? Ele que vivia para seus, que se arrebentava de trabalhar,
não merecer um beijo, uma palavra ao menos!
Mas no escritório, havia flores à sua
espera, sobre a mesa. Havia o sorriso e o abraço da secretária, que poderia
muito bem ter ignorado o aniversário, e entretanto o lembrava. Era mais do que
uma auxiliar, atenta, experimentada e eficiente, pé-de-boi da firma, como até
então a considerara; era um coração amigo.
Passada a surpresa, sentiu-se ainda
mais borocochô: o carinho da secretária não curava, abria mais a ferida. Pois
então uma estranha se lembrava dele com tais requintes, e a mulher e os filhos,
nada?
O objetivo da atividade é mostrar que, ao escrever, é preciso evitar a ambiguidade: afrase do cartaz permite diferentes
leituras, diferentes interpretações.
Numa pizzaria, ao
lado da porta de entrada, um cartaz avisava:
1.Como você interpreta esse aviso?
2. Leia o trecho abaixo:
Um rapaz entra, lê o cartaz, senta-se a uma mesa e pede
ao garçom:
- Por favor, um suco.
O garçom esclarece:
- Se você não for comer alguma coisa, não poderei
servir-lhe o suco. Você leu o aviso?
- Li – responde o rapaz. – Ele é óbvio e, por isso,
inútil.
- Desculpe – argumenta o garçom - , mas você não leu
corretamente o cartaz.
- Li, sim – diz o rapaz. – Vocês é que não o escreveram corretamente.
Responda:
a) Como o rapaz interpretou a informação do aviso, para
considerá-lo óbvio?
b) Como a pizzaria esperava que os fregueses interpretassem a
frase?
c) Fazendo as alterações
necessárias, escreva a frase do cartaz, de modo que ela informe com clareza aos
fregueses.
3. A sua interpretação da frase foi igual a do rapaz ou da pizzaria? Adaptado de Novas Palavras - FTD -1997
A língua é viva e dinâmica, em
um país grande como o nosso, ela sofre diversas alterações feitas por seus
falantes,
dependendo da região, classe social, da idade, do sexo, da época, apresenta
variações linguísticas. Nessa atividade a proposta é discutir as variações
linguísticas, o preconceito. Ainda há a diferença entre o “português escrito” e o “português
falado” e a situação comunicativa.
Nessa
atividade, vamos ler (e de preferência, ouvir) a música Samba do Arnesto, de
Adoniram Barbosa. Ao terminar a atividade, é importante que o aluno perceba que o compositor fez pode
ser chamado delicença
poética, pois ele transportou para a modalidade escrita a variação
linguística presente na modalidade oral e não que a música está repleta de
erros.
O Ernesto levou fama por “dar um bolo” no compositor, a história
(que segundo Sr. Ernesto nunca aconteceu) é narrada no famoso Samba do Arnesto
(1953). Adoniran Barbosa tornou-se um dos maiores nomes do cancioneiro popular
brasileiro e uma das mais importantes vozes da população ítalo-paulistana.
Às críticas que recebia Adoniran rebatia: "só faço samba pra povo. Por
isso faço letras com erros de português, porquê é assim que o povo fala. Além
disso, acho que o samba, assim, fica mais bonito de se cantar."( Biografia completa disponível
em http://almanaque.folha.uol.com.br/adoniram.htm)
Samba do Arnesto
Composição: Adoniran e Nicola Caporrino (Alocin)
O
Arnesto nos convidou Prum samba ele mora no Brás Nóis fumos e num econtremos ninguém Nóis vortemos cum uma baita de uma reiva Da outra veiz, nóis num vai mais Nóis não semos tatu! O Arnesto nos convidou Prum samba ele mora no Brás Nóis fumos e num econtremos ninguém Nóis vortemos cum uma baita de uma reiva Da outra veiz, nóis num vai mais
Noutro dia encontremo com o Arnesto Que pediu discurpas mais nóis não aceitemos Isso não si faiz Arnesto, nóis não si importa Mas você devia ter ponhado um recado na porta O Arnesto nos convidou Prum samba ele mora no Brás Nóis fumos e num econtremos ninguém Nóis vortemos cum uma baita duma reiva Da outra veiz, nóis num vai mais Noutro dia encontremo com o Arnesto Que pediu discurpa mais nóis não aceitemos Isso não si faiz Arnesto, nóis não si importa Mas você devia ter ponhado um recado na porta
Um recado Anssim ói: "Ói, turma, num deu
prá esperá
Aduvido que isso num faz mar, num tem
importância, Assinado em cruz porque não sei escrever:
Arnesto"
Atividades
1.Observando a letra da música, percebemos que muitas
palavras estão em desacordo com a norma culta. Circule-as e escreva-as de
acordo com as regras da gramática.
2. O verso em que o pronome destacado apresenta
uma forma inadequada:
(A) O Arnesto NOS convidou prum samba, ele mora no
Brás
(B) Isso não se faz, Arnesto, nós
não SE importa
(C) Da OUTRA vez nós num vai mais
(D) Mas VOCÊ devia ter ponhado um
recado na porta
3. Justifique sua resposta na questão anterior.
4. Qual a intenção do autor ao
utilizar palavras e expressões que se desviam da norma culta?
5. Se a letra da música estivesse de acordo com a norma culta,
ela teria o mesmo efeito? Por quê?
Associando dois textos
sobre o mesmo tema, mas de gêneros textuais diferentes. Importante ressaltar o
que é CHARGE, se os alunos não souberem.
TEXTO 1
O HOMEM FAZ O CLIMA. E FAZ MAL
A interferência do
homem no meio ambiente pode acelerar em milhares de anos os processos naturais
de mudanças climáticas e trazer graves consequências à vida na Terra. O consumo
desenfreado e a explosão demográfica têm sido fatores de forte influência entre
as atividades humanas.
Em consequência,
fenômenos como a elevação da taxa de emissão de gás carbônico (CO2) na
atmosfera podem atingir picos incontroláveis em poucas décadas, sem que a vida na
Terra consiga se adaptar. Se nada for feito, daqui a um século poderemos viver
num ambiente de catástrofe.
O conto apresenta algumas
palavras difíceis ou desconhecidas para o aluno, uma boa oportunidade para
fazer uso do dicionário, e também aproveitar para discutir o assunto, já que algumas confusões entre alunos se dão por mal-entendidos ou maneira que falam uns com os outros.
MODOS DE DIZER
Uma vez um rei sonhou que todos
os seus dentes lhe foram caindo da boca, um após outro, até não ficar
nenhum. Era no tempo em que havia magos e adivinhos. O rei mandou chamar um
deles, referiu-lhe o sonho e pediu-lhe que o decifrasse. O adivinho levou a mão
à testa, pensou, pensou, consultou a sua ciência e disse:
– Saiba Vossa Majestade que a
significação do seu sonho é a seguinte: está para lhe suceder uma grande
infelicidade. Todos os seus parentes, a rainha, os seus filhos, netos, irmãos,
todos vão morrer sem ficar um só ante os olhos de Vossa Majestade.
O rei entrou em cólera, ficou
muito irritado e, chamando os guardas do palácio, mandou decepar a cabeça do
adivinho que lhe profetizara coisas tão tristes.
Estava o rei muito acabrunhado
com o vaticínio, quando se aproximou um cortesão e lhe aconselhou que
consultasse outro adivinho, porque a interpretação do primeiro podia estar
errada e não devia Sua Majestade se afligir em vão.