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A maioria das atividades é de fácil resolução, indico sempre que o professor o faça primeiro para ver o aplicabilidade em determinada turma. Como os pedidos de gabaritos são muitos, não tenho como responder a todos.

quinta-feira, 26 de março de 2015

Herói da língua - interpretação 9º ano

Mais uma crônica...algumas das questões foram adaptadas do Saresp


Herói da Língua
Vocês se lembram do meu amigo Toninho Vernáculo. Já falei dele uma vez, contei histórias da mania que tem de corrigir erros de português. Daí o apelido. Cansei de falar: deixa, Toninho, esta língua é complicada mesmo, até autor consagrado escreve com dicionários e gramáticas à mão.
        – Pelo menos eles têm a humildade de consultar os mestres antes de dar a público o que escrevem – respondia o Toninho na sua linguagem em roupa de domingo.
Lembram-se dele? Quando encontra erros de português no seu caminho, telefona para os responsáveis, exige correções em nome da língua pátria e da educação pública. Coisas assim:
          – A placa do seu estabelecimento é um atentado contra a língua, induz as pessoas a achar que o errado é o certo, espalha a confusão.
Ultimamente andava se controlando, me telefonava muito menos do que antes, relatando atentados mais graves contra a boa linguagem, praticados por quitandeiros, padeiros, donos de restaurantes, prestadores de serviços em geral – e pasmem: até pela prefeitura (em nomes de ruas), por publicitários, jornais.

         Dom Quixote da gramática, Toninho não se dava descanso. Lia coisas assim nos anúncios classificados dos jornais e ficava indignado: baile "beneficiente"; faça "seu" óculos na ótica tal; "aluga-se" dois galpões. Ex-jornalista, aposentado, telefonava para os encarregados dos pequenos anúncios:
          – No meu tempo não era assim! Os responsáveis eram responsáveis, cuidavam da correção dos anúncios. O povo não sabe escrever, mas os jornais têm o dever – o dever! – de zelar pela língua!
          No convívio diário, arrumava desafetos, humilhados e ofendidos, mas também alguns – os mais humildes – agradecidos pelo ensinamento. Quixoteava lições, fosse qual fosse o interlocutor:
           – Não é "fluído" que se diz, é fluido, com a tônica no u. "Fluído" é verbo, é particípio verbal, não pode ser uma coisa. "Gratuíto" não existe, é gratuito que se diz, som mais forte no u. Homem não diz "obrigada", isso é coisa de menino criado entre mulheres; menino fala "obrigado". "Emprestar dele" é promiscuidade brasileira aqui do Sul; o certo da língua é emprestar a alguém, ou tomar emprestado. Não é "o" alface, é a alface, feminino. Não existe isso, "inhoque", que coisa mais feia; o certo é nhoque, do italiano gnocchi. Grama, medida de peso, é masculino: "um" grama, "duzentos" gramas. Quilo se escreve com q, u, i, não existe quilo com k e muito menos com k, y: é comida a quilo e não "a kylo", como se lê na sua placa. Está na hora "do" parabéns é errado; parabéns é plural, como em meus parabéns.
           – Peraí, Toninho, agora você exagerou. Hora do parabéns significa: hora de cantar o Parabéns pra Você. Resumido.
        Aceitou, mas resmungando. Bom, um dia desses, telefonaram-me de madrugada: Toninho havia sido preso como pichador de rua. Quê, um homem de 70 anos? Havia algum engano, com certeza. Fomos para a delegacia, uma trinca de amigos.
        Engano havia e não havia. Nosso amigo fora realmente flagrado pela polícia com spray e latinha de tinta com pincel, atuando na fachada de uma casa comercial do bairro onde mora. Explicou-se: estava corrigindo os erros de português dos pichadores! Começamos os esforços para livrá-lo da multa e da denúncia, explicamos ao delegado que o ocorrido era fruto de uma mania dele, loucura leve. Por que penalizá-lo por coisa tão pouca? Não ia acontecer de novo. Aí o delegado explicou qual era a bronca.
       O Toninho havia pedido para ler seu depoimento, datilografado pelo escrivão, e começou a apontar erros de português no texto do funcionário. A autoridade tinha a pretensão de ser também autoridade em gramática. Aí melou, "teje" preso por desacato. Com dificuldade convencemos o escrivão da loucura mansa do nosso amigo, e ele liberou o herói da língua pátria.

Ivan Ângelo Veja São Paulo, ano 40, n 2. 17 de janeiro de 2007. p.130
Disponível em http://vejasp.abril.com.br/materia/heroi-da-lingua/

Após ler o texto, responda às questões abaixo

1. Esse texto pertence ao gênero
                 (   ) conto.     (   ) crônica.    (   ) notícia.

2. A narração é em 1ª ou 3ª pessoa? Justifique com um trecho do texto.

3. Quem é a personagem principal?

4. a)Qual era a mania de Toninho Vernáculo?

    b) Procure no dicionário o significado da palavra vernáculo. O apelido dado a Toninho realmente era merecido? Justifique sua resposta.

5.A expressão: na sua linguagem em roupa de domingo., significa que Toninho usava
       (   ) a linguagem de qualquer jeito.             (   ) as palavras mais simples.
       (   ) uma linguagem pouco culta.                (   ) a melhor linguagem possível.

 6."Quê, um homem de 70 anos?"
Na frase acima, o uso do ponto de interrogação produz um efeito de:
        (   ) espanto.      (   ) dúvida.             (   ) pergunta.           (   ) constatação.

 7.Na frase  "Por que penalizá-lo por coisa tão pouca?" O pronome “lo” se refere a
(   ) Toninho Vernáculo                       (   )  escrivão.
(   ) amigo.                                          (   ) autoridade.

       8.No trecho: Explicou-se: estava corrigindo os erros de português dos pichadores!, há uma certa
dose de
   (   ) humor.             (   ) crítica.                  (   ) tristeza.               (   ) inteligência.


9.Por qual  motivo o delegado queria prenderToninho Vernáculo?

10. O que provoca o humor no último parágrafo?




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